quinta-feira, 22 de setembro de 2016

José Marques de Sousa, o Matias

      José Marques de Souza, o Matias (Tarauacá21 de janeiro de 1937 — Rio Branco25 de março de 1997) filho mais velho do migrante cearense Moisés Matias de Sousa (1902 2001) e da acreana Maria Marques de Sousa, nasceu na colocação Ipu, seringal Restauração as margens do igarapé Penedo em Tarauacá. Como todas as crianças daquela época Matias aprendeu cedo como extrair o látex e os conhecimentos da floresta, com seu pai aprendeu também a arte da carpintaria. Já adulto deixa o seringal com mulher e filhos para vir à cidade no intuito de dar uma melhor educação aos filhos. Ele foi um dos fundadores das Comunidades Eclesiais de Base (CEB's), em Rio Branco e também do Partido dos Trabalhadores no Acre. Ele criou o grupo de Teatro “De Olho na Coisa” e do Teatro Barracão, que promovia cultura popular para toda a comunidade e foi usado para denunciar e reivindicar melhores condições de vida para as comunidades menos favorecidas. Junto com Abrahim Farhat, João Eduardo e outros companheiros, Matias colaborou na ocupação de toda a região que hoje é chamada de Baixada. Através da arte e cultura popular articulou e ajudou a libertar e devolver a dignidade a muitas das famílias expulsas dos seringais que vinham para a cidade e não tinham onde morar.
      De seringueiro a teatrólogo, Matias influenciou a vida das pessoas que com ele tiveram contato, das mais simples que mudaram suas histórias de vida através do trabalho desenvolvido com o teatro, aos artistas e intelectuais.
Matias foi um importante ativista cultural do Acre. Sua história como teatrólogo se confude com a do Teatro Barracão: foi a partir dessa rica vivência, entre o movimento social e a cultura popular, que Matias criou o grupo de teatro “De Olho na Coisa”, além de contribuir para o fortalecimento do movimento cultural no Acre.
      Desenvolveu ações na área do teatro popular com o objetivo de formar profissionais e consciência sociopolítica e ambiental, trazendo nas muitas peças que criou uma abordagem crítica da realidade social. Iniciou em 1979 um movimento organizando grupos de teatro que realizavam apresentações gratuitas, reunindo jovens e instituições religiosas. Após uma pausa em seus trabalhos, Matias passou a se empenhar em movimentos populares e políticos(chegou a ser candidato a senador, mas não obteve votos suficientes para ser eleito), voltando mais tarde para o teatro. Seus espetáculos sempre foram baseados em teatro denúncia, como as peças “As Matanças do Pedro Biló”, “Clamar da Floresta” e “ A Vida da Floresta”.
      “A Seringueira foi uma mãe para mim”. A frase dita por Matias, quando abraçado a uma seringueira, em encontro de artistas e intelectuais acreanos que culminou na criação da Federação de Teatro Amador do Acre (FETAC), representa a resistência, numa época em que o movimento cultural se manifesta contra a invasão do capital agropecuário nos seringais.
Matias foi o artista das ruas, das máscaras, das pernas de pau, das praças e espaços aberto.
Viva a Cultura Popular do Acre! Viva Matias!













Fontes:Wikipédia, matiasacre.blogspot.com, entrevista com o Murande (filho do Matias) e arquivos do Teatro Barracão